O que se sabe e o que falta esclarecer sobre assassinatos de chef de cozinha espanhol e esposa em Porto Seguro
O chef de cozinha espanhol David Pegrina Capó, de 53 anos, e a mulher dele, a baiana Érica da Silva Santos, de 38, foram encontrados mortos na sexta-feira (24), em Porto Seguro, cidade turística da Bahia localizada no extremo sul do estado.
Os corpos deles foram encontrados às margens de um rio, com perfurações provocadas por arma de fogo. Veja o que se sabe e o que falta esclarecer sobre o caso:
O chef espanhol David Pegrina Capó era natural da ilha turística de Mallorca, no Mediterrâneo. Já Erica da Silva Santos, era natural da cidade baiana de Itagimirim.
Não há informações sobre quantos anos o casal estava junto, nem o tempo em que David morava na Bahia.
O casal costumava participar de festivais gastronômicos. O mais recente, compartilhado em uma rede social, foi o "Festival Esquina do Mundo" que ocorreu entre os dias 1º e 18 de novembro em Arraial d'Ajuda, distrito de Porto Seguro.
Em uma rede social, o chef costumava compartilhar fotos do dia a dia, além de expressar o amor que ele e a companheira tinham pela Bahia.
"Nosso lugar no mundo.🍃 Um lugar que nos aceitou, nos ensinou e nos transformou em pessoas melhores. 🔁 🦋 É nítida nossa alegria, pois temos a oportunidade de fazer o que amamos! E felizes por compartilhar essa experiência com vocês.✨", escreveu na publicação.
"Com você descobri o significado de amizade e confiança, acreditar, querer e poder, sonhar e vencer, cair e levantar, chorar e rir, a "dor e a alegria'... Com você aprendi a Amar... Te Amo 💞"
Os corpos deles foram enterrados no sábado (25), em Itagimirim, cidade natal da baiana, que fica a cerca de 100 km de Porto Seguro.
Apesar de estar sem roupa, as investigações apontaram que ela não foi vítima de abuso sexual. Já o corpo de David foi encontrado dentro de casa.
Além do casal, o filho de Érica vivia no imóvel, mas não estava no local no momento do crime.
A hipótese de execução foi levantada por alguns motivos. O primeiro deles é que não há indícios de roubo no local do crime. Além disso, a única forma de chegar ao restaurante era através do rio, o que torna o acesso complicado.
A polícia estuda quebrar os sigilos bancário e telefônicos de David e Érica para ter mais pistas sobre a motivação e autoria dos homicídios.
Até segunda-feira (27), três pessoas foram ouvidas pela polícia. Também foram realizadas diligências na Ilha do Pau do Macaco para saber se os moradores viram movimentações de barcos no dia do crime.
Onde era o restaurante do casal?
Cercado de verde, o restaurante "Os Ribeirinhos" fica a 4 km do cais de Porto Seguro e era bastante conhecido na região. Como acesso ao estabelecimento é feito pelo rio, o casal tinha um barco próprio para buscar os clientes e um píer para recebê-los.
Apesar de amplo, com espaço inclusive para eventos, o estabelecimento costumava receber apenas grupos pequenos e previamente agendados, para focar na experiência dos clientes.
A ideia do restaurante era que os clientes passassem o dia no local, desfrutando do passeio de barco, do Buranhém, das paisagens e da culinária - que tinha a paella, especialidade espanhola, como prato principal.
Nas redes sociais, o casal compartilhava o dia a dia no restaurante e as belezas naturais da Ilha do Pau do Macaco. O local bastante requisitado por famílias que estavam a passeio em Porto Seguro.
"Em nossa ilha fluvial, onde a natureza se encontra com a culinária incrível. Um refúgio perfeito, para compartilhar com a família e amigos", escreveram em uma publicação.
O que dizem as pessoas próximas ao casal?
No sepultamento de David e Érica, que aconteceu na cidade de Itagimirim, cidade natal da baiana, um amigo de Érica, Cristian Fragoso, contou que o casal vivia uma vida simples.
Ele ainda disse que o casal morava em um lugar sem energia e internet. "Viviam o amor, a gastronomia. O David se apaixonou à primeira vista pela Érica, pela nossa região e infelizmente esbarrou na maldade", contou.
Outro amigo do casal, Carlos Alvarenga, caracterizou Érica e David como pessoas que gostavam de fazer o bem.
"Aquela vontade de fazer o bem, de receber todo mundo bem. Estamos sentindo uma dor muito forte", disse.
"Era uma filhinha só que eu tinha. Muita saudade dela e tenho fé em Deus que quem fez isso com a minha filha, vai pagar", desabafou.
O que falta esclarecer?
A Polícia Civil acredita na hipótese de execução, já que não há indícios de roubo no local do crime. Além disso, a única forma de chegar ao restaurante era através do rio, o que torna o acesso complicado.
A autoria é investigada pela Polícia Civil, que estuda quebrar os sigilos bancário e telefônicos de David e Érica para ter mais pistas sobre o caso. Três pessoas já foram ouvidas.
Por G1