Mais do que apenas distrair, jogos são uma forma de brincar organizada e diferente do que pensávamos no passado. Hoje o brincar tem um papel fundamental no funcionamento da mente humana, pela interação interpessoal e o incentivo ao pensamento criativo. Jogar em grupo é uma atividade que trabalha habilidades como empatia, comunicação e agilidade de raciocínio.
Mas será que este benefício é aplicado a todas as faixas etárias?
A neurocientista do SUPERA Ginástica para o cérebro, Livia Ciacci, explica que para além das crianças, não existem limites para outras faixas etárias usufruírem destes benefícios, sobretudo os idosos.
Segundo ela, isso depende bastante dos interesses pessoais e relação afetiva que se tem com um tipo de jogo ou outro.
“Sempre tem o time dos apaixonados pelos jogos de cartas, outros curtem o xadrez e a dama, ainda tem aqueles que já se arriscaram nos jogos computadorizados ou os aplicativos de smartphones. Todos são válidos, cada um com suas características”, detalha.
A especialista explica ainda que alguns estudos apontam o desenvolvimento de jogos mais específicos para estimulação cognitiva, para manter ou melhorar a memória, o raciocínio lógico e a habilidade visuoespacial, vários desses estudos, inclusive mostram aprimoramento de funções cognitivas.
“Os resultados de vários experimentos citados no artigo ‘Jogos Eletrônicos e a Cognição em Idosos - Uma Revisão Sistemática’ demonstraram inclusive benefícios significativos, após o treinamento, no controle executivo, entendido pelos autores como a capacidade de mudar o foco de uma tarefa para outra, memória de trabalho, memória visual de curto prazo e velocidade de processamento de informação”, detalha.
Quais habilidades são fundamentais para os idosos?
A inteligência e os conhecimentos adquiridos ao longo da vida não se perdem no envelhecimento saudável, mas a flexibilidade cognitiva e talvez o interesse pelo novo vão diminuindo.
Os jogos são excelentes ferramentas para trabalhar as habilidades de flexibilidade, adaptabilidade e curiosidade, pois criam cenários novos e lúdicos, onde o cérebro tem liberdade de se arriscar em novos pensamentos.
“Os jogos têm a ver com um conceito abordado por BATESON & MARTIN (2013) chamado Playfulness – que é um estado mental positivo, leve e curioso que permeia as experiências, o cotidiano e a visão de vida de uma pessoa. Seria a capacidade de brincar mesmo fora de contextos de brincadeira, e esse estado mental é o que favorece o pensamento criativo, além de diminuir a ansiedade e o estresse porque aumenta a percepção de prazer nas diferentes atividades do cotidiano”, explica.
Como exercitar o cérebro do idoso?
Quando pensamos em estimular o cérebro de forma saudável e criar reserva cognitiva precisamos lembrar que a chave para o bom desenvolvimento do cérebro é a novidade, variedade e grau de desafio crescente.
Um dos elementos chave na estimulação cognitiva é a variedade, sendo importante que as atividades na rotina envolvam muitos tipos de habilidades diferentes. “Se o idoso gosta de fazer palavras cruzadas (que trabalha linguagem) ele também pode incluir um sudoku que é mais focado em raciocínio lógico, um jogo de tabuleiro com os colegas ou com os netos para reforçar a comunicação e agilidade de pensamento mais uma atividade física, que também é essencial para a saúde do cérebro”, detalhou Livia Ciacci, neurocientista do SUPERA – Ginástica para o cérebro.
Criando reserva cognitiva por meio de jogos
São inúmeros os jogos e exercícios que oferecem ao cérebro a possibilidade de criar reserva cognitiva. Confira alguns que são indicados para idosos:
· Todo jogo de memória é excelente para os idosos e existem versões físicas e digitais para todos os gostos;
· Jogos de quebra-cabeça são ótimos para aqueles que curtem imagens e arte, e ainda podem ser itens decorativos;
· Jogos de estratégia em grupos, como Rummikub e Dixit são excelentes opções;
· O jogo Córtex traz uma variedade de estímulos sensoriais, com cerca de 80 desafios dinâmicos envolvendo labirintos, bolas de basquete e muito raciocínio;
· No mundo dos aplicativos, os quebra-cabeças de encaixar, paciência, sudoku e o SUPERA online são opções interessantíssimas que vão ajudar o idoso a criar reserva cognitiva e tirar o cérebro da zona de conforto.
Ana Lucia Ferreira/Supera