Na iminência de ser capturado (ou não), Lázaro Barbosa, o assassino de um casal e dois filhos em uma chácara em Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal, encontrados com marcas de tiros e facadas, tem sido denominado como serial killer por uns e psicopata por outros.
Para entender a diferença, o especialista em Direito Penal Antonio Baptista Gonçalves*, explica que um serial killer é uma pessoa sem empatia e emoção e consequentemente sem prazer. Já o psicopata tem prazer na morte em si. “O que caracteriza um serial killer é uma pessoa sem empatia e emoção e o fato de não ter os dois sentimentos significa que ele não tem prazer. E o prazer que ele tem é com a ritualística que ele cria na forma que ele mata, ele se satisfaz com isso. O psicopata gosta do crime. O seu prazer está na morte e não no ritual. O psicopata gosta de matar, o serial killer precisa matar. O impulso dele é maior e ele não consegue controlar. O psicopata não, ele gosta do resultado”.
O especialista explica ser comprovado cientificamente que o serial killer tem uma alteração de serotonina no cérebro. “Isso não significa dizer que todas as pessoas que têm alteração desse neurotransmissor são serial killers. Mas têm predisposição. É preciso considerar, também, que todos nós somos frutos do meio em que vivemos. Assim, um indivíduo com essa predisposição pode ter sido abusado pelo pai ou espancado pela mãe. É preciso ter sempre um gatilho e no caso do serial killer o gatilho é a violência”.
Assim como diz Ilana Casoy, um dos principais nomes no país quando o assunto envolve mentes psicopatas, crimes hediondos e até mesmo assassinos em série, o serial killer possui uma característica peculiar de humilhar suas vítimas e fazê-las sofrer. Gonçalves alerta que uma diferença consistente entre os dois tipos de indivíduos é que o serial killer cria um ritual para assassinar suas vítimas.“Ele precisa conhecer a rotina de seus alvos, elaborar, preparar, fantasiar e executar. O psicopata simplesmente mata”.
Gonçalves também afirma que um serial killer tem uma assinatura e essa é perceptível. Como especialista com muitos anos de atuação na área, ele explica que essa assinatura é o modus operandi como o assassino pratica seus crimes. “Se ele sentir prazer em cortar um dedo de suas vítimas, vai fazer isso em todos os seus crimes e essa será sua assinatura. Isso é diferente para cada indivíduo porque cada um tem uma forma diferente de sentir prazer”.
Diante das definições, Gonçalves avalia que Lázaro Ramos não é um serial killer. “Ele é um assassino cruel. Ele mata para sobreviver e por vários motivos e não por prazer ou por ser sádico. O Lázaro não tem uma assinatura. É um assassino que mata suas vítimas sem muita explicação”.
O especialista explica que a confusão pode estar no fato de que, neste crime, Lázaro exigiu que suas vítimas ficassem nuas e matou muitas pessoas de uma mesma família. “Mas, o que se tem notícia é que isso aconteceu nesse crime e não em outros praticados por ele. Até mesmo porque uma vítima nua dificilmente sairá em busca de socorro tão rapidamente”, finaliza.
* Antonio Baptista Gonçalves é advogado, pós-Doutor, Doutor e Mestre em Direito. Presidente da Comissão de Criminologia e Vitimologia da OAB/SP – subseção de Butantã.