Moradores do Arraial d’Ajuda e de Imbiruçu de Dentro reclamam de uma fumaça produzida pela queima ininterrupta dos resíduos depositados no lixão. O odor que emana do local, considerado um aterro sanitário no passado, está levando prejuízos a moradores e turistas. A Associação de Moradores da Estrada da Balsa (AMEA) está se mobilizando para chamar a atenção das autoridades para a necessidade de resolver o problema, que já dura muito tempo e parece não ter dia para acabar.
De acordo com o biólogo Rodrigo Borges, um ofício foi encaminhado à prefeitura, pedindo soluções. “Temos sofrido com o vento terral, que sopra do continente para o litoral, geralmente durante a madrugada, e traz para a parte baixa do vale do rio Buranhém a fumaça tóxica do lixão. Isso é inadmissível”, diz o biólogo. Segundo ele, os distritos Pindorama e Vale Verde também são afetados. “Veja que horror, soprando para dentro por causa do vento Nordeste. Isso muda várias vezes ao dia. Pela manhã, a fumaça baixa fica pairando no fundo do vale”, denuncia.
O biólogo considera um problema de grande relevância, uma vez que, além de ter que zelar pela comunidade local, o município tem sua vocação turística. “Porém precisa haver uma regulamentação de diversos tópicos e os políticos locais não estão nem aí para isso. Queima carbono nos combustíveis de avião, gera lixo extra dos turistas e não tem o tratamento adequado”. O biólogo reclama também do esgoto gerado a mais do que o dimensionamento da rede da Embasa e desabafa: “só a porcaria é socializada, enquanto o lucro é privado”.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente Samuel Reis, no Verão, o problema da queima de material no lixão se agrava. E a baixa umidade do ar favorece o aumento da fumaça, que se alastra com maior facilidade e em maior volume. Ele confirmou que o problema não é recente e ainda, que existe um estudo de áreas para funcionamento de um aterro sanitário em Porto Seguro, mas que os trâmites devem levar algum tempo.
Sobre o problema crônico da fumaça, a representante da AMEA, Sabine Heinze, afirmou que “muitos moradores estão super revoltados”. Enquanto falava com nossa reportagem, Sabine voltava de um plantio para reflorestamento do Parque Central, região protegida pelo Iphan, no Arraial d’Ajuda, e de grande importância histórica. “Estamos reflorestando há mais de um ano. É uma iniciativa do Verde Já, uma associação que tem projetos para o reflorestamento dentro e em volta do Arraial”.
O lixo do bem
Boas iniciativas como a de Sabine levam a acreditar em um futuro melhor. Em Porto Seguro, ecopontos coletam recicláveis gratuitamente e são responsáveis pela redução de material enviado aos lixões, além de promover coleta seletiva, evitar o descarte inapropriado e reaproveitá-los de forma adequada. A Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), o Senac e o IFBA desenvolvem iniciativas como alguns desses ecopontos.
No campus da UFSB de Porto Seguro são coletados eletroeletrônicos, notebooks, celulares, TVs, micro computadores, monitores de LED/LSD, produtos de áudio DVDs/VHS, batedeiras, ferro elétrico, liquidificador, óleo de cozinha usado, espoja de cozinha e pilhas. No Senac, além de ser ecoponto, a instituição promove outras ações de cidadania e campanhas. Recebe óleo saturado, doado a instituições e a comunidade para fabricação de sabão caseiro; pilhas e baterias, canetas, lapiseiras e semelhantes, esponjas de limpeza de uso doméstico, creme dental, escovas usadas e banners velhos. No IFBA, além de óleo de cozinha, são coletados medicamentos (sobras e vencidos), pilhas e baterias.
Por Jornaldosol